30 outubro 2009


(Easy Virtue, Reino Unido, Canadá, 2008). Bons Costumes (clique aqui)

25 outubro 2009


(Up, EUA, 2009). Quase tudo o que se espera da Pixar está em Up - Altas Aventuras. Só faltou surpreender mais.

19 outubro 2009


(The Informant, EUA, 2009). Steven Soderbergh estaria num ritmo de dar inveja se seus quatro últimos lançamentos em apenas dois anos - os Che's, Confissões de uma Garota de Programa e, agora, O Desinformante - realmente fossem dignos de receberem as honras de admiráveis (ainda não vi Confissões, mas o filme não foi lá muito bem recebido). A impressão que O Desinformante passa é por aí. Dá para perceber uma tentativa de dosar tom documental para contar uma história baseada em fatos reais com um estilo mais solto de comédia. Mas esbarrei com Soderbergh com uma energia superficial, que pretende emanar de diálogos e trilhas animadas, mas sem força suficiente para manter ironias. Matt Damon faz bem, mas, para mim, só contribuiu para intensificar essas características. O resultado é nanico e um tanto sem graça. Desempolgante.

08 outubro 2009

Festival do Rio 2009 | Destaques

Abaixo, pílulas sobre os destaques da minha lista de filmes assistidos no Festival do Rio. Entre uma correria aqui e acolá, sessões tapa-buraco e filmes feitos para serem esquecidos, garanto, isto foi muito. Que venha o próximo com mais surpresas.


Mother (Mother, Bong Joon-Ho, Coreia do Sul, 2009). Procura-se a magia imersiva de Bong Joon-Ho neste filme que prioriza uma história que vai e vem em torno da mãe que foge aos preceitos do senso comum de sanidade, em conflito com os sentimentos maternos. |**|

24 City (24 City, Jia Zhang-Ke, China, 2008). As palavras-chaves 'real' e 'ficção' podem aparecer por aqui, mas, como todo clichê, ficam à parte da experiência que 24 City propõe junto aos planos ritmados, semelhante a The World. É simplesmente admirável a forma como Zhang-Ke humaniza os espaços e, a partir disso, extrai fragmentos-histórias dos personagens a fim da construção assistida de uma história coletiva. |****|

As Praias de Agnès (Les Plages d’Agnès, Agnès Varda, França, 2008). Agnès Varda faz seu filme fluir com uma brincadeira, como um abraço, como uma conversa de fim de tarde. Ela lança mão de formas lúdicas e simpáticas ao olhos em jogos de imagens para montar cenas que recriam memórias. Nada mais justo do que apresentar Chris Marker como seu interlocutor ao valer do gênero narrativo que com o dele dialoga. É preciso inteligência para falar de si mesmo, coisa que à Agnès não falta. |****|

Doce Perfume (Tatarak, Andrzej Wajda, Polônia, 2009). Wajda faz uma série de alusões, em uma breve revisitação ao seu próprio passado, e com intervenções metalinguísticas e aparições, põe em prática a intenção de montar duas histórias paralelas com a mesma pessoa/atriz. Doce Perfume se torna peça de interesse quando põe Krystyna Janda a falar de um drama seu, nos moldes bergmanianos, em paralelo com o da personagem.|***|

Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans (Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, Werner Herzog, Estados Unidos, 2009). Ética cuspida e escarrada nesta refilmagem de Herzog do filme de Abel Ferrara. Deboche e comédia como resultados, unidos a uma dosezinha de pieguice de Nicolas Cage, em excelente atuação por sinal, em algumas cenas ao lado de Eva Mendes. Crime e sexo sempre rendem audiência, sabemos. Mas já encontro graça no fato de Herzog administrar isso. Imagine o feito. |***|


35 Doses de Rum (35 Rhums, Claire Denis, França, 2008). A sensibilidade ao toque, à fala do outro, ao olhar de quem se esguia é o que, antes de tudo, se destaca no filme de Claire Denis. Com uma narrativa aparentemente dura, 35 Doses de Rum tange o sensível com cenas às vezes frias, às vezes doces, mas na maior parte prosaicas. O estado da arte da simplicidade. |***|

Tokyo! (Tokyo!, Michel Gondry, Leos Carax e Bong Joon-Ho, França, Japão, Coreia, Alemanha, 2008). Se o filme vai por parte, também vou: Michel Gondry aposta num conto sobre autoconhecimento e mostra uma mulher se sentindo mais útil como uma cadeira metamorfose-ambulante. Já Leos Carax esbanja deboche com um ser estranho e agressivo a vagar pelas ruas. No mesmo caminho do ser único e solitário, Bong Joon-Ho utiliza seu bom modo narrativo para fazer de seu fragmento o mais intenso, reflexivo e perspicaz dos três. No conjunto, uma forma de avaliar o estranho. |***|


Aconteceu em Woodstock (Taking Woodstock, Ang Lee, EUA, 2009). Ang Lee percorre uns caminhos um tanto duvidosos nesse filme sobre o famoso festival de música. Com temática introvertida Ang Lee lança um olhar diferenciado sobre a década da libertação, ao mesmo tempo em que dosa a caretice tênue com fórmulas extraviadas. Frases de efeito também não deixam de compor alguns moralismos que o permeiam. |**|

Ricky (Ricky, François Ozon, França, Itália, 2009). Imagino o locutor de filmes da sessão da tarde anunciando Ricky como um filme que vai ser diversão para toda a família. Se quiser procurar alegorias, paralelismos ou maiores explicações para um bebê voador não vai encontrar. E ainda vai se deparar com dramatizações melódicas. Não dá para levar muito a sério, ainda mais depois de se escutar parte do diálogo no filme: "Ele parece um franguinho". |*|

White Material (White Material, Claire Denis, França, 2009). Isabele Huppert vigora a luta de gêneros num filme maduro. O toque de Denis aparece nos rostos.|***|



Viagem aos Pireneus (Le Voyage aux Pyrénées, Jean-Marie e Arnaud Larrieu, 2008). Uma comédia muito bem pincelada com ironia aos bons costumes, digamos assim. Grande parte do que dá certo no filme se deve à Sabine Azéma. A outra, ao bom texto.|***|


A Fita Branca (The White Ribbon, Michel Haneke, 2009). O rigor estético de The White Ribbon acaba aparentando um peso intelectual semelhante ao bergmaniano. A distinção está em fazer da história um retrato local com sensibilidade temporal. |****|


Uma Barragem Contra o Pacífico (Barrage contre le Pacifique, Rithy Panh, Bélgica, Cambodja, França, 2008). Não li o texto de Marguerite Duras, mas por alguns de seus filmes, há um certo incômodo ao ver que Pahn se rende a uma ficção que poderia melhor equilibrar as existências. Barrage Não pode ser definido como um filme sobre a luta de cambodjanos, muito pelo fato de se render a conflitos de mãe e filhos. Contudo, é bonito e, ainda, interessante quando se vê a personagem de Isabelle Huppert transitando entre a tradição moralista, a corrupção pela necessidade e a luta pela liberdade alheia.|***|

Politist, Adjectiv (Politist, Adjectiv, Corneliu Porumboiu, Romênia, 2009). O filme diz a que veio depois de uma boa parte do tempo acompanhar os passos de um policial em investigação: Polistist, Adjectiv, com sutileza se define como um filme de semântica e problematização de conceitos.|****|


Erótica Aventura (L'Aventure, Jean-Claude Brisseau, França, 2009). Não digeri muito bem as investidas de Brisseau neste longa com umas sentenças filosóficas na boca de atores que pegam o ritmo só depois de aventuras eróticas mesmo.|**|