19 setembro 2009
09 setembro 2009
(A Erva do Rato, Brasil, 2008). Mas quanta tranquilidade: Julio Bressane faz A Erva do Rato fluir com alívio aos ávidos leitores do bruxo de Cosme Velho. É que o receio é típico quando se trata de uma adaptação ou apenas algo que leve obras de um grande escritor, tal qual Machado de Assis, como base para a criação audiovisual. As tensões provindas dos sarcasmos da estória sombria construída pelas ações dos personagens não fogem dos contos machadianos que serviram como base para o filme - A Causa Secreta e O Esqueleto.
O mérito do filme, porém, não se limita a contemplar as características literárias. O ponto de maior destaque é o deslocamento do foco cênico: A Erva do Rato utiliza os personagens humanos (só é uma pena Selton Mello se fechar em seu universo de interpretação) como pretexto para a psicologia do sexo e da obsessão ser representada por um rato. Digo isso com uma certa distância, já que Bressane ressalta o poder da imagem: não é só o animal que conta a história mas, sim, cada fotografia, cada gesto em silêncio. Por isso Walter Carvalho assina a fotografia do filme com um excelente trabalho de ambientação calcada na inocência. Uma inocência sempre questionada, no entanto não julgada, por conta da satisfação de prazeres.
O mérito do filme, porém, não se limita a contemplar as características literárias. O ponto de maior destaque é o deslocamento do foco cênico: A Erva do Rato utiliza os personagens humanos (só é uma pena Selton Mello se fechar em seu universo de interpretação) como pretexto para a psicologia do sexo e da obsessão ser representada por um rato. Digo isso com uma certa distância, já que Bressane ressalta o poder da imagem: não é só o animal que conta a história mas, sim, cada fotografia, cada gesto em silêncio. Por isso Walter Carvalho assina a fotografia do filme com um excelente trabalho de ambientação calcada na inocência. Uma inocência sempre questionada, no entanto não julgada, por conta da satisfação de prazeres.
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Julio Bressane
04 setembro 2009
(Two Lovers, EUA, 2008). Quando descubro que interessante é aquilo que lida com conflitos de contrastes sutis e implícitos, e que, tal como em teatro, uma cena bem se sucede após outra a partir dessas tenacidades, eis que na grande tela surge a oportunidade de assistir a Amantes. Personagens bem construídos e sem caricaturas ao bel-prazer do final feliz — exatamente o que James Gray traz como um imperativo da pós-modernidade: um pedantismo não pejorativo por se fazer necessário. Tudo para compor um fino ataque a clichês ao utilizá-los (!) para filmar um conto sobre felicidade: elementos essenciais a favor da contestação contra as formas consagradas para se falar de amor. Por fim, e no fim, um sensacional suspiro interrompido.
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James Gray
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