30 março 2009



(Entre les Murs, França, 2008). Há agora um certo cuidado ao escolher cada palavra para falar de Entre os Muros da Escola. As críticas que havia lido antes de assisti-lo não me convenciam de que eu realmente veria o que assisti hoje por pouco mais de duas horas. Tempo suficiente para eu me tornar uma presente observadora da classe do professor François, de uma escola pública francesa.

Longe de se engalfinhar em estereótipos, o longa de
Laurent Cantet nos leva para o ambiente de estrondoso e magnífico realismo, tanto pela sintonia entre os atores, que aqui prefiro me referir como personagens, quanto pela estética construída por planos que vão e vêm entre rostos na altura daqueles que estão sentados.

Mesmo o espectador encarando os personagens de igual para igual, há um certo distanciamento que o leva a encará-los como rebeldes e abusados perante o professor de francês bem intencionado e ainda cheio de fôlego para lidar com os jovens traquinas. Esse adjetivo pode soar debochado, atribuindo um aspecto equivocado aos meninos e meninas que muito além de simples desordeiros de aula, expõe seus problemas de origem étnico-social. Traquinas porém, em muitos momentos, é o melhor modo de classificar as risadinhas fora-de-hora que se entreouve em meio à seriedade dos mestres.

Entre les Murs discute a valorização das diferenças num espaço em que a igualdade é o objetivo maior. Isso fica claro com as correções das gírias que os estudantes teimam em usar e o prof. insiste em reprimir: aula de pedagogia para os espectadores, com o mérito de ser um filme desprovido de burocrático didatismo.

Com ausência de trilha sonora, já o clima inicial pressupõe que a história dos professores e seus alunos escapará do 'heroicismo' escancarado visto em Sociedade dos Poetas Mortos, filme que depois de Entre les Murs, muito bem poderia deixar de ser referência unânime quando o assunto se tratar de valores éticos e educação.

04 março 2009

Brevemente, Oscar 2008

Berenice preferiu o resultado do Oscar de 2008, mas enfim, é o Oscar. Rápidas impressões de quem não quer mais perder muito tempo com os poucos filmes assistidos com alguma indicação ao Oscar deste ano:


Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire, Danny Boyle, 2008, EUA/ Inglaterra). Um roteiro menos absurdo para um diretor mediano, por favor.





Milk - A Voz da Igualdade (Milk, Gus Van Sant, 2008, EUA). Van Sant deve saber que Milk não é um de seus melhores filmes, embora seja um trabalho para o qual não abre muito a mão de suas marcas cinematográficas. A estatueta a Sean Penn o conforta pela derrota para Danny Boyle.



O Leitor (The Reader, Stephen Daldry, 2008, EUA/ Alemanha).
Acho que O Leitor tem o ruim de As Horas e o bom de Billy Elliot. O resultado é um drama insosso que se perde ao longo das mudanças do roteiro. Cenas bonitas esteticamente não bastam, mas não se pode desconsiderar a interpretação de Kate Winslet.



O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, David Fincher, 2008, EUA).
Deve ser a minha implicância com adaptações de textos metafóricos, como com Ensaio Sobre a Cegueira: a história parece valer mais do que o filme.




A Troca (Changeling, Clin Eastwood, 2008, EUA).Um filme tem certa visibilidade para Hollywood a ponto de indicar Angelina Jolie ao Oscar de Melhor Atriz, certo? Sendo assim, o porquê de o longa de Clint não ser ao menos indicado ao de melhor filme é a dúvida que fica ao final da sessão.



Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road, Sam Mendes, 2008, EUA). Há um certo receio de assistir ao casal Titanic desta vez em um filme do mesmo diretor de Beleza Americana. Para um espectador sem muitas expectativas, o filme até que surpreende.


O Lutador (The Wrestler, Darren Aronofsky, 2008, França/ EUA). O maior mérito do filme está na união do contraste da sensibilidade escorrer aos montes de um enredo aparentemente bruto e seco.




Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Night, Christopher Nolan, 2008, EUA). Filme aclamado, ator aclamado e homenagens póstumas não iam realmente impedir a estatueta Melhor Ator Coadjuvante de ir para a família emocionada de Heath Ledger.







Trovão Tropical (Tropic Thunder, Ben Stiller, 2008, EUA/Alemanha). Hum... é... tipo... eu vi esse filme? Entre bocejos e cochilos, dá para ver umas cenas de deboche bacaninhas de Ben Stiller com Robert Downey Jr. e Jack Black.




Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona, Woody Allen, 2008, EUA). Fácil reconhecer também que não é de seus melhores, mas Allen soube divertir plateias com cenas tonificadas pela personagem de Penélope Cruz, principalmente. Barcelona...



Wall-E (Wall- E, Andrew Stanton, 2008, EUA). Incrivelmente bom com elementos de fábula e doses de reflexão. Talvez seja demais para crianças que vão apontar para Kung Fu Panda (Kung Fu Panda, Mark Osborne e John Stevenson, 2008, EUA) e pedir sacos de pipoca.