Sempre pensei que antes de alguém se atrever a fazer uma crítica de algum filme com propriedade seria necessário um conhecimento técnico advindo da prática, que, para mim, deixo claro, é outro atrevimento. Mas isso quando eu era criança e cinema era lugar de comer pipoca — e hoje tem até cinema que proíbe. Mas, de fato, sinto-me mais aguerrida a comentar os atrevimentos alheios após ter sofrido um pouco na pele quando me vi escrevendo roteiro, dirigindo e editando.
Prestar atenção nos detalhes técnicos, confesso, cansa (embora seja um ótimo exercício), mas é algo que fica automático. E desse modo, raras sessões são puras imersões no ambiente fílmico. Então quando berenice vai ao cine e esquece que está assistindo a um filme eis mais um marco em sua dolce vita. Idiossincrasia, para mim, portanto, é a palavra-chave para eu me negar a discutir se um filme é bom ou não. ‘Mundo pós-moderno etc.’, ‘Tudo é relativo etc.’
Por exemplo: de um Meliés encantado com as possibilidades de uma câmera, passando por um Bergman fascinado com diálogos densos e ricas interpretações, a um Buñuel que nos apresenta roteiros consistentes, temos um breve passeio pelas escolhas que fazem um filme. Quando o digo, aponto para as estruturas que de parte evoluem a todo. Le Diable Noir (vídeo abaixo), Persona e O Cão Andaluz, por exemplo, percorrem caminhos diferentes e pouco perdem um para o outro.
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