07 junho 2009

Pequena nota: 2 em 1

Não cheguei a comentar sobre O Casamento de Rachel [Jonathan Demme, 2008], pois desde que assisti, há uma queda de opinião, outrora positiva. O mesmo vem acontecendo com 3 Macacos [Nuri Bilge Ceylan, 2008]. Ambos, agora vejo, adentram a mesma categoria: a de filmes que se esforçam para se diferenciarem na linguagem e acabam por se desinteressarem pelos significados. A consequência já é conhecida: tédio.

Gosto pessoal à parte, a questão é até que ponto a forma salienta o conteúdo nesses filmes. Elementos gratuitos? Fazer por fazer? Parecem estar confusos com a proposta de cinema autoral defendido por diretores da Nouvelle Vague. A técnica era realmente mais valorizada, a fim de permitir o reconhecimento de elementos formais como característicos de um determinado cineasta. Mas, né, os exemplos para representar essa onda de pensamento da metade do século XX não são ínfimos: Godard, Truffaut...

E o que há de errado com os trabalhos de Ceylan e Demme nesses dois filmes? A supervalorização da técnica como se fosse a responsável pelo filme em si. Demme em O Casamento de Rachel traz uma câmera trêmula e intimista. Tudo bem, se não extrapolasse na vontade de transmitir veracidade, em sequências longas e cenas desnecessárias. Desperdício, muitos supérfluos. A história é legal, mas imagino como teria sido melhor se a direção de Rachel Getting Married, no original, ficasse nas mãos de Ceylan. As vantagens seriam as elipses, maior economia de cenas.

É que em 3 Macacos a economia é o ponto-forte. Mas de tão econômico cai na contradição de abusar dos silêncios. Pode ser por um ritual compensatório: 'não mostro isso para sobrar espaço para mostrar aquilo'. O problema é o aquilo ser bem menos interessante do que o implícito. Dou meu tudo-bem para esse aspecto até o momento em que percebo que faz parte da trama. Porém, começo a perceber que a gratuidade desse modo de contar história esbarra no muro do pedantismo, não? 'Necessário' e 'Interessante' poderiam ser as palavras-luzes para estes que nestes pecam pelo excesso ao tentar fugir dos clichês. Não é um apelo ao convencional, mas sim, um pedido pela melhor dosagem de riscos. Corram-nos, mas pensem no tempo.

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