19 fevereiro 2010

 
(Invictus, EUA, 2009). Talvez o filme tivesse maior apelo se optasse por filmar a biografia de Nelson Mandela. Mas ter uma proposta que foge desse formato deixa Invictus despretensioso em se ater à cronologia, dados e fatos.  O que é muito bom para deixar bem redonda a sua intenção. O recorte na História traz Mandela em liberdade,  presidente, respeitável, com um orgulho explicitamente ligado ao orgulho negro.

Clint Eastwood se foca no rugby e consegue, de modo simples e admirável, tratar dos resquícios do fim do apartheid por meio do esporte, que divide brancos e negros na África do Sul. Com uma trilha em ritmo africano, a alegria dos sul-africanos em se reconhecer em jogadores de rugby vai sendo contornada por partidas filmadas para entreter o espectador. Porque Clint induz a torcemos para o time dourado dos sul-africanos. Porque Clint atribui ao filme uma graça, repleta de piadas e clichês (e por que não?), para dar o efeito que conhecemos bem: emocionar. Algum problema nisso? 

Desprezar mais este belo trabalho do diretor é ignorar esta característica do cinema de Clint Eastwood. Bons diretores têm a obrigação de inovar sempre? Inovar não é propriamente criar coisas novas. Em muitos dos casos, basta uma boa ideia ser bem executada. Sem a pompa de clássicos, é o que Invictus evoca. Ninguém é obrigado a gostar, mas é importante reconhecer.

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