(Loki - Arnaldo Batista, Brasil, 2008). Uma produção do Canal Brasil em projeção digital: Loki - Arnaldo Batista é um típico documentário televisivo com o mote da homenagem ao artista vivo. O que há de novo neste filme que soma-se aos do gênero relaciona-se às escolhas do foco de conteúdo. A história de vida de Arnaldo é intercalada com pinceladas suas em um quadro que serviria de conarrador. Mas a secundarização desta narrativa, jogada para segundo, terceiro plano, é inevitável, uma vez constatada a sua relação com a banda que formou com Rita Lee e Sérgio Dias.
A maior energia de Loki está em Mutantes, está nas expressões e na voz de Rita, mesmo sem ela aparecer em nenhum momento para depoimento. Assim, tentam compensar sua ausência em imagens de arquivo e, por um instante, o documentário é sobre ela (fica o gostinho de quero mais, aliás). Mas não dá para ficar imune ao pensamento de que o primeiro longa de Paulo Henrique Fontenelle tem um objetivo: evitar que se admita que Arnaldo Batista foi esquecido, sendo um cantor que fez parte de um movimento único do Brasil, a Tropicália, sob a alegação da loucura ser estritamente normal.
Mas a carreira solo de Arnaldo Batista dá conta de manter e abarcar tudo o que até hoje representa os Mutantes? Há espaço para expôr as atitudes erráticas de Arnaldo mais para fugir do rótulo de hipocrisia, porque de repente... Não! Não foi esquecido! Grita o filme. O que ele quer nos provar é que Arnaldo é reconhecido, com o ar de desde-sempre-e-sempre-será, como símbolo de irreverência e originalidade. Olhares para a câmera denotam um pouco isso.
Junto com a necessidade de comparar o rock brasileiro com o dos Beatles, é argumentando com depoimentos que vão do anônimo transeunte norte-americano a Kurt Cobain, que o filme tenta criar uma certeza. No entanto, o que se conclui ao final é que Arnaldo é Mutantes, e Mutantes é Mutantes mesmo com ou sem Arnaldo.
0 Expressões:
Postar um comentário