Não tento afirmar nenhuma verdade, apenas exponho minhas idiossincrasias nesta lista definitiva dos melhores do ano que passou. Um ano cinematograficamente ótimo e ao mesmo tempo fraco. Numa breve análise, só penso em relatividade. São bons filmes, mas, a maioria, não é comparável a obras-primas do cinema. Talvez a exceção seja Aquele Querido Mês de Agosto, que, por toda a sua inventidade, escape dessa tênue linha do que pode ser bom, se comparado fora deste ano em que a expectativa de sair do cinema satisfeita foi raras vezes atendida.
Mas eis minhas boas sessões de 2009:
10.A Troca | Clint Eastwood
Clint Eastwood é aqui correto. Bem conduzida, a história protagonizada por Angelina Jolie evolui de drama a suspense om uma sutileza que só uma boa direção consegue alcançar.
9.Valsa com Bashir | Ari Folman
Dá até um certo alívio não assistir cenas reais dos conflitos em solo libanês. Por isso, a animação intensifica a captação para o inconsciente virtual do personagem. Memórias que fluem bem até o momento em que a última cena revela que a realidade é dura demais para ser romantizada.
8.Inimigos Públicos | Michael Mann
Intenso e ágil, o filme funciona bem. Discordo de quem diz que o filme é forçado.
7.Aquele Querido Mês de Agosto | Miguel Gomes
Nunca presenciei uma sessão em que tanta gente desistisse e abandonasse a sala em menos de 30 minutos de filme. A cada saída, o filme me interessava ainda mais e não deu outra: fui conquistada pelo humor de Aquele Querido Mês de Agosto. Mais do que mesclar ficção no documentário, o filme se sobressai pela fuga da inércia do gênero.
6.Moscou | Eduardo Coutinho
Diretor de conceitos, acima de tudo, Coutinho estende o pano de Jogo de Cena e arma o espetáculo de Moscou. Discussões semelhantes ao primeiro são levantadas neste último, que problematiza o real mais uma vez. Talvez um pouco duro demais se descontextualizado dessa siginificação de complementaridade.
5.Deixa Ela Entrar | Tomas Alfredson
Assisti este daqui degustando cada detalhe que nem percebi que era terror. Acho exagero ser considerado o melhor do gênero de todos os tempos, como muito se comenta por ai, mas reconheço o encantamento pela forma com que o vampiresco se torna poético. Sem superestimá-lo, Deixa Ela Entrar tem umas imperfeições meio decepcionantes, mas compensadas pela melhor cena do ano:
http://www.youtube.com/watch?v=ZuBfmX3VBCE
4.Entre os Muros da Escola | Laurent Cantet
Adoro como a lente realista do diretor joga na cara de outros filmes que tentam fazer o mesmo para convencer com verossimilhança roteiros fracos. Reflexivo, Entre les murs, no original, é objeto pedagógico de primeira, sem burocracias sociológicas.
3.Bastardos Inglórios | Quentin Tarantino
Não há muito o que reclamar se a queixa refere-se aos excessos. Em se tratando de Tarantino, a História é invadida por uma licença póetica super empolgante.
2.Amantes | James Gray
O filme mais "ame ou odeie" da lista precisa de uma boa justificativa para aparecer em segundo no ranking. Talvez não consiga convencer a muitos de que o filme é bom por motivos simples, mas me indigno quando não reconhecem a forma com que os clichês neste filme saltam para outro nível e se fazem necessários para se chegar ao final feliz paradoxalmente angustiante.
1.Gran Torino | Clint Eastwood
Flui entre a evolução constante de humor-ironia-tensão, saltando aos olhos reflexões sobre a América madrasta má de etnias e grupos à margem social. Simplicidade para reforçar tradicionalismos, multiplicidade para tensionar estereótipos. Clint Eastwood vem com Gran Torino para nos lembrar o que é o velho e bom cinema, com roteiro e direção de qualidade, e, ainda, com interpretação enérgica. Sinto-me livre para dizer que Gran faz o meu tipo favorito de 'filme de ação' (referente ao espectador ativo) – quem assiste passivamente sai perdendo.
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