(Where the Wild Things Are, EUA, 2009). É comum ouvir em qualquer idade que isso ou aquilo pode ser meramente fruto de nossa imaginação - conceito deveras adversativo, uma vez que a realidade normalmente, ou estranhamente, passa a ser aquilo em que mais acreditamos. Aproveitar essa tensão para traduzir em imagens e textos foi o feito de Maurice Sendak em Where the Wild Things Are, livro que prima por ilustrações simples para contar em poucas frases a história do menino Max Records, que sob a lente de Spike Jonze assume uma personalidade bastante agressiva.
Por adaptar o clássico, o diretor dessa vez ficou distante de um roteiro escrito por Charlie Kaufman, embora, nem mesmo assim, se mantivesse distante de suas influências no filme, e isso é bastante perceptível. Seja pela forma de olhar para dentro da imaginação do garoto, seja pela forma de conduzir o filme em momentos de ação. Não à toa, Onde Vivem os Monstros se constitui de um ponto de fuga, algo constante nos filmes de Kaufman e Jonze.
O diretor, aqui, valoriza a visão fria e distorcida de Max. Um ar de vilania toma conta dos personagens à sua volta, justificando suas atitudes passionais. Até que num lugar distante, onde ele vai parar depois de fugir de casa, descobre uma comunidade de monstros com hábitos semelhantemente esquisitos, carentes e que, devido às dimensões das criaturas, são também agressivos. Acompanhar isso é, em consideráveis poucas partes, uma experiência imersiva bastante agradável. O problema é a extensão. Jonze evidencia sua peculiaridade na direção de videoclipes e atribui ao longa uma experiência tal como nesse tipo de trabalho. O resultado é um tanto entediante, já que cenas se alongam em repetitivas brincadeiras entre os personagens.
A relação de Max com a selvageria é instável. Os monstros exigem dele uma maturidade ainda não conquistada e, por isso, fingida. Seu reinado termina quando a constatação de que não pode cuidar e, sim, de que precisa ser cuidado. Então, Max à casa retorna, parecendo estar disposto a ser um bom filho. E se alguns desenlaces da história confirmam a informação de que Onde Vivem os Monstros não seja diretamente voltado para o público infantil, a forma como Jonze se alonga em cenas musicadas desmente isso. Falo de efeitos.
Olá, encontrei seu blog pelo Twitter. Gostei bastante dele. Também mantenho um blog, no qual escrevo sobre cinema e outras coisas. Escrevi sobre Onde Vivem os Monstros, se puder faça uma visita.
O crítico pode tentar esclarecer a pergunta de como e porquê os filmes são feitos de determinada maneira, diligenciando colocar as suas interpretações onde lhe for possível.
Penelope Houston em O Cinema Contemporâneo, 1963.
Disse Berenice
Não acabem com o mundo todo: às próximas gerações deixem as fitas, os livros, os quadros, as músicas, até os rascunhos, e tudo mais que tenha saído da mente humana para representar os momentos de glória, inglória, num estímulo à provocação de catarses. Atribua a estes herdeiros, desse modo, o trabalho de decifrar os tempos e os pensamentos: suas interpretações renderão a continuidade das artes. E se isso não convence a muitos quanto à importância, é chegada a hora de procurar uma saída para impedir o fim dos sentimentos.
1 Expressões:
Olá, encontrei seu blog pelo Twitter. Gostei bastante dele. Também mantenho um blog, no qual escrevo sobre cinema e outras coisas. Escrevi sobre Onde Vivem os Monstros, se puder faça uma visita.
http://ensaiosababelados.blogspot.com/
Abraço
Leandro
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