22 janeiro 2010

(Where the Wild Things Are, EUA, 2009). É comum ouvir em qualquer idade que isso ou aquilo pode ser meramente fruto de nossa imaginação - conceito deveras adversativo, uma vez que a realidade normalmente, ou estranhamente, passa a ser aquilo em que mais acreditamos. Aproveitar essa tensão para traduzir em imagens e textos foi o feito de Maurice Sendak em Where the Wild Things Are, livro que prima por ilustrações simples para contar em poucas frases a história do menino Max Records, que sob a lente de Spike Jonze assume uma personalidade bastante agressiva.

Por adaptar o clássico, o diretor dessa vez ficou distante de um roteiro escrito por Charlie Kaufman, embora, nem mesmo assim, se mantivesse distante de suas influências no filme, e isso é bastante perceptível. Seja pela forma de olhar para dentro da imaginação do garoto, seja pela forma de conduzir o filme em momentos de ação. Não à toa, Onde Vivem os Monstros se constitui de um ponto de fuga, algo constante nos filmes de Kaufman e Jonze.

O diretor, aqui, valoriza a visão fria e distorcida de Max. Um ar de vilania toma conta dos personagens à sua volta, justificando suas atitudes passionais. Até que num lugar distante, onde ele vai parar depois de fugir de casa, descobre uma comunidade de monstros com hábitos semelhantemente esquisitos, carentes e que, devido às dimensões das criaturas, são também agressivos.
Acompanhar isso é, em consideráveis poucas partes, uma experiência imersiva bastante agradável. O problema é a extensão. Jonze evidencia sua peculiaridade na direção de videoclipes e atribui ao longa uma experiência tal como nesse tipo de trabalho. O resultado é um tanto entediante, já que cenas se alongam em repetitivas brincadeiras entre os personagens.

A relação de Max com a selvageria é instável. Os monstros exigem dele uma maturidade ainda não conquistada e, por isso, fingida. Seu reinado termina quando a constatação de que não pode cuidar e, sim, de que precisa ser cuidado. Então, Max à casa retorna, parecendo estar disposto a ser um bom filho. E se alguns desenlaces da história confirmam a informação de que Onde Vivem os Monstros não seja diretamente voltado para o público infantil, a forma como Jonze se alonga em cenas musicadas desmente isso. Falo de efeitos.

1 Expressões:

Leandro disse...

Olá, encontrei seu blog pelo Twitter. Gostei bastante dele. Também mantenho um blog, no qual escrevo sobre cinema e outras coisas. Escrevi sobre Onde Vivem os Monstros, se puder faça uma visita.

http://ensaiosababelados.blogspot.com/

Abraço

Leandro